A preocupação com a inclusão de pessoas com deficiência coloca a UFJF como pioneira na promoção de um curso de inédito no país, a Especialização em Audiodescrição cujas atividades tiveram início ontem, dia 20. A solenidade de abertura contou com a participação do Secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Antônio José Ferreira e do coordenador geral de Acessibilidade, Rodrigo de Freitas Machado. Participaram da mesa ainda o Secretário de Desenvolvimento Institucional da UFJF, Flávio Iassuo Takakura, as Coordenadoras do curso Eliana Lucia Ferreira e Lívia Motta e os professores Laércio Sant´Anna, Soraya Ferreira, Bell Machado, Cristiana Cerchiare, Mauricio Santana e Manoel Araújo Filho. Na plateia foi registrada a presença de Harison Felipe Nassar, Presidente do Conselho da Pessoa com Deficiência de Juiz de Fora.
Em nome da Universidade, o professor Flávio Iassuo Takakura cumprimentou os alunos reafirmando o compromisso da Universidade em promover uma sociedade mais inclusiva ao capacitar profissionais para promover a acessibilidade de pessoas com deficiência. “A UFJF se orgulha de sediar esse curso e espera que seja o primeiro de muitos, pois isso significa a inclusão de pessoas em todos os cantos do Brasil.”
Entidade financiadora do curso, a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com deficiência, através de seu Secretário Antônio José explica a escolha pela Universidade. “Poderíamos levar esse curso para qualquer lugar do país, mas escolhemos a UFJF pela expertise, pelo trabalho em prol da educação no Brasil e pela atuação em prol da inclusão das pessoas com deficiência, já desenvolvido pela professora Eliana”, enumera. Ele relembrou que um critério importante exigido pela Secretaria para a viabilização do curso foi a seleção de alunos de todas as regiões do país (Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste).“Vocês foram os cinquenta escolhidos para estar aqui, não somente para ter mais um título no currículo, mas para promover efetivamente a inclusão. Sabemos que hoje a televisão é obrigada a ter somente 4h de programação audiodescrita, mas até 2020 será obrigatório 24h e isso significa mais campo de trabalho para vocês”, esclareceu.
Coordenadora geral do curso, Eliana Lucia Ferreira reforçou o investimento que está sendo feito em cada aluno. “É um compromisso grande, cada um de vocês está “endividado” comigo, pois é um curso de alta qualidade, ministrado por professores nacionais e internacionais, gratuito e um investimento na mudança educacional do país, visando dar acessibilidade a quem precisa”. Coordenadora pedagógica, Lívia Motta conclamou a participação de todos para a popularização do recurso. “Cabe a nós tornar a audiodescrição comum não só no eixo Rio/São Paulo mas em todos os cantos do país. Esse recurso beneficia não somente a deficientes visuais, mas a autistas e deficientes intelectuais. No corpo docente vocês poderão contar com professores pioneiros com a audiodescrição no Brasil, que dividirão experiências nos mais diversos contextos. Estamos fazendo história, construindo a Audiodescrição no Brasil”, declarou.
Permitindo a possibilidade de inclusão de pessoas com deficiência visual que estavam na plateia, como professores e alunos, o evento foi audiodescrito por uma profissional que permaneceu em uma cabine acústica montada no anfiteatro, sendo possível ouvir a narração por meio de fones de ouvido. A solenidade também foi acessível para surdos-mudos que contaram com a tradução em Libras feita por dois intérpretes.
Depoimentos
A aluna Elizabeth Dias de Sá é deficiente visual e acredita que o curso vai somar à sua experiência como consultora no Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual, em Belo Horizonte. “É um curso muito importante, porque vai credenciar pessoas que já tem um acúmulo, e já estão atuando na prática.”
Vinda João Pessoa, na Paraíba, Luciene Fernandes está satisfeita em participar desse momento. “É de uma importância muito grande esse curso para todos nós que trabalhamos com a área de deficiência, é uma passo de avanço para o futuro. Essa história está sendo construída pelas pessoas que estão aqui e eu quero dar o meu melhor para contribuir para essa socialização dos saberes e para esse impulso na questão dos direitos da pessoa com deficiência”, afirmou.
Também aluna, Kelly Scoralick, de Juiz de Fora, percebe no curso uma possibilidade de ampliação de sua atuação profissional. “Enquanto jornalista espero poder ser multiplicadora e acho que o curso vem cobrir uma lacuna dessa área de audiodescrição. Na televisão faltam profissionais, então a expectativa é que eu possa sair daqui capacitada para ir para o mercado e promover a inclusão na sociedade.”
Os alunos participam da aula presencial com o professor Manoel de Araújo Filho, que ministra a disciplina Metodologia de EaD, nesta sexta, 21, e no sábado, 22, no Anfiteatro de Ciências da Computação, no ICE. O curso semipresencial, com carga horária de 405 horas, tem previsão de término em julho ou agosto de 2015.