Especialização em Audiodescrição da UFJF

publicado em 14 05 2015

Está chegando ao fim o curso de Especialização em Audiodescrição promovido pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em parceria com a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD). Em iniciativa inédita, foi possível viabilizar o primeiro curso sobre esta temática a nível de especialização no Brasil, com o principal objetivo de capacitar profissionais para promover a acessibilidade de pessoas com deficiência visual em apresentações culturais, com a descrição falada de imagens. O edital para a próxima turma está sendo elaborado e vai ser lançado pela UFJF a partir do 2º semestre, com abertura de cem novas vagas.

Com mais de 70% dos alunos concluintes, produzindo trabalhos de alta qualidade, o balanço do curso é altamente positivo e a segunda turma do curso visa atender a grande de procura por nova turma em todo Brasil. Formados, este alunos assumem o compromisso de levar para seus estados o recurso, que proporciona uma inclusão plena da pessoa com deficiência ao possibilitar seu acesso à cultura de forma ampla.

Segundo a coordenadora pedagógica do curso, Lívia Motta, o curso tem ainda contribuído para o avanço da divulgação da audiodescrição nas diferentes regiões. “Os alunos já estão começando a trabalhar com o recurso dentro de cada contexto específico, temos alunos que trabalham em escolas ou mesmo com professores difundindo a importância da audiodescrição como um recurso pedagógico para ampliação das oportunidades de conhecimento de mundo para as pessoas com deficiência visual.”

Durante o penúltimo encontro presencial da turma, realizado nos dias 23 a 25 de abril na UFJF, os alunos puderam relatar a experiência de participar do curso e da expectativa pela finalização do mesmo. Audiodescritora há sete anos, Letícia Schwartz opina sobre a relevância do curso para a área. “A especialização em audiodescrição da UFJF preenche uma lacuna importante na formação profissional, até a implementação da pós-graduação a atividade acadêmica relacionada à audiodescrição era limitada a cursos de extensão.”

O profissionalismo dos docentes foi destacado pela atriz e dubladora Andreia Paiva. “O curso tem um grande diferencial, os professores são profissionais atuantes no mercado da audiodescrição no Brasil e em outros países, desta maneira aprendemos com as experiências deles e suas vivências na área.”

A professora Adriana Alves Borges, que atua no Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual, em Goiânia, tem aplicado na prática o conhecimento adquirido. “O aperfeiçoamento profissional na área do ensino-aprendizagem para o deficiente visual, tanto para meus alunos quanto para a equipe da qual faço parte tem sido muito importante.”

Deficiente visual e atuando como consultora de projetos, Elizabeth Dias de Sá avalia o curso. “Foi muito bem organizado, com um conteúdo programático muito importante, contemplando todas as áreas e com um alto nível de exigência. É um curso pioneiro, o corpo docente é altamente qualificado e tem esse diferencial, temos alunos com diferentes experiências, desde aqueles que estão iniciando, aos mais experientes e até eu, que sou uma pessoa cega e estou aqui para colaborar e para me qualificar como consultora.”

A aluna Marilena Assis também é cega e acredita que o recurso é indispensável. “O que esse curso ampliou para mim como usuária, foi esse mundo imagético que eu tive pouco acesso. Hoje tenho noção de tudo que eu preciso de informação para construir um conceito.”

Flávio Coelho, que atua na Fundação Dorina Nowil, também relata sua experiência enquanto aluno. “É muito conhecimento adquirido que a gente aplica na confecção de cada produto, na consultoria e a oportunidade de compartilhar práticas diversas, o que nos dá a chance de poder mudar nosso processo de trabalho e isso é enriquecedor.”

De acordo com Eliana Lucia Ferreira, coordenadora do curso, a audiodescrição é mais uma possibilidade de acessibilidade para pessoas com deficiência visual, por isso é muito importante capacitar profissionais que atendam a essa necessidade, sendo uma nova demanda de mercado de trabalho. “A Universidade Federal de Juiz de Fora não mediu esforços para promover o primeiro curso de audiodescrição e não podemos deixar de agradecer à Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, na pessoa do secretário Antônio José, que teve a sensibilidade de entender como esse recurso é um diferencial na vida de muitas pessoas. Só temos que enaltecer essa atitude e elogiar o trabalho da secretaria, principalmente na decisão de reofertar o curso, que teve um índice de procura bastante significativo, o que demonstra o interesse e a valorização da sociedade pelo tema”, finaliza.

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