Educação a distância e acessibilidade

publicado em 25 09 2012

A educação a distância é um dos fenômenos emergentes do século XX. O seu crescimento e diversificação demostram que é um feito que responde ás necessidades dos tempos atuais. A aparição de internet produziu como em tantos setores uma transformação profunda que ainda se está a materializar na prática. Se analisarmos a população estudante da educação a distância, observaremos uma presença significativa de pessoas com deficiências. As barreiras que a educação presencial, as cidades e a sociedade em geral oferecem a diário podem explicar esta presença. A educação a distância proporciona então uma oportunidade que, de não existir, deixaria fora da universidade numerosas pessoas como as citadas.

No entanto, esta oportunidade, para ser real e efetiva, requere do cumprimento dumas condições de acessibilidade que não sempre topamos. Queremos pois chamar a atenção do amável leitor a este respeito. Quando falamos de acessibilidade, não estamos a pensar só de possibilidade física de acesso. Também falamos dela, mas não só. A acessibilidade á educação é ante tudo acesso ao conhecimento. Esta é a que nos preocupa sobre tudo na educação em geral e na educação a distância em particular. Educação a distância não é educação distante.

Por tanto, devemos garantir que os nossos estudantes possam acessar aos espaços, ás bibliotecas, aos salões de conferência, ás salas de tutoria, aos laboratórios, aos gabinetes de orientação, ás oficinas administrativas, etc. e isto passa por garantir a dotação de elevadores, rampas, indicações apropriadas, avisos sonoros, informações alternativas som-imagem, informações em Braille, intérpretes de língua de signos, etc. Mas significa sobre tudo dispor de materiais acessíveis, promover a colaboração entre todos, desenvolver atitudes integradoras e possibilitar a adaptação dos processos ás necessidades de cada pessoa.

A acessibilidade é então um conjunto de elementos que integram conhecimentos, atitudes, procedimentos, suportes e símbolos que vão bem mais alá da mobilidade espacial. Implica ao mais íntimo das pessoas, á nossa forma de sentir, ao nosso jeito de viver o mundo e a presença dos demais, á nossa forma de conceber as relações humanas e os direitos de todos nos, á própria forma de entender o ser humano. A acessibilidade não é tampouco uma atenção especial ás pessoas com deficiências mas uma estratégia global e geral de entender e de atender as necessidades das pessoas, sejam as que sejam estas e sejam como sejam.

Assim, quando falamos e promovemos a acessibilidade, estamos a promover o mais essencial de todo ser humano, seja quem seja ele: a sua própria dignidade.

Tibério Feliz Múrias
Universidade Nacional de Educação a Distância

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