Curso de Audiodescrição oferecido pela UFJF repercute positivamente

Docente do curso de audiodescrição emociona-se com depoimentos
Docente do curso de audiodescrição emociona-se com depoimentos

Marta Gil é professora do curso de Especialização em Audiodescrição oferecido pela UFJF, com coordenação da Profª Drª Eliana Lucia Ferreira (NGIME/UFJF) em parceria com a Profª. Drª Lívia Motta.

Recentemente a docente teve o prazer de perceber como este curso tem sido um agente transformador na vida dos alunos que dele fazem parte. Ela ministrou, em parceira com a professora Cristiana Cerchiari, a disciplina “Inclusão cultural das pessoas com deficiência e os diferentes públicos da Audiodescrição”. O objetivo era desafiar os alunos a estender a aplicação da audiodescrição a pessoas com outros tipos de deficiência ou outras características, como por exemplo, pessoas idosas que também precisam de um apoio tecnológico em determinadas etapas da vida.

Mediante a tal situação, os trabalhos finais da disciplina propunham a exibição a um grupo de pessoas com deficiência ou outras limitações um filme que utilizasse o recurso da audiodescrição. Não seria necessário o rigor de uma pesquisa científica nem pretensões acadêmicas, apenas pôr em prática o aprendizado e se aproximar de pessoas com as características estudadas para perceber o potencial deste recurso na vida real delas.

Os filmes escolhidos foram exibidos em diversas partes do país em situações diferentes e para pessoas com os mais variados perfis. Aconteceram em auditórios, salas de aula, ginásios de esporte, salas de visita, entre outros.

Os depoimentos abaixo foram colhidos dentre alunos do primeiro curso de Especialização em Audiodescrição no Brasil, da Universidade Federal de Juiz de Fora, com apoio da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Depoimentos na íntegra:

Uma mulher mineira que ficou cega: “Eu desisti de usar meu DVD, que ficava lá encostado porque não tenho quem veja filme comigo. Agora não. Vou lutar muito pela audiodescrição. Eu conseguiria ver o filme sozinha [com audiodescrição] e ia ligar correndo para algum amigo que tenha visto para conversar, porque eu não resisto sobre trocar ideias de alguma coisa”.

Uma menina cega, em Goiânia: “O filme com audiodescrição ajuda as pessoas com deficiência visual a ficarem mais emocionadas”.

Um senhor de 52 anos: “Eu me senti respeitado como ser humano”.

Uma garota com deficiência visual, no Rio de Janeiro: “Assistir a um filme com audiodescrição é tudo, sem audiodescrição não dá, né?

Dois adultos comentaram, ao final da exibição do filme “O Palhaço”: “Professora, eu pensava que filme brasileiro era só pornografia. Nunca imaginei que tinha um filme que fizesse a gente pensar tanto. Muito menos pensei que pudesse ver um filme sem ter que ficar fazendo pergunta. (Uma lágrima rolou em seu rosto). Esse momento mudou muitas ideias minhas. (Silêncio). Olha só, como um palhaço faz tanta gente rir e pode ser tão triste?”

Nesse momento o colega entrou na conversa: “Mas o legal é que ele teve força pra mudar a história dele e nos também precisamos ter força pra mudar a nossa”.