Quem entra no Núcleo de Pesquisa em Inclusão, Movimento e Ensino a Distância (NGIME/ UFJF) tem se surpreendido. Nas paredes, antes nuas do prédio agora existe um quadro que com sua explosão de cores e expressividade retrata um tema tão difícil quanto necessário de se discutir: a acessibilidade.
A obra, do artista plástico Leonardo Paiva traduz com sensibilidade um resgate histórico da realidade da pessoa com deficiência na nossa sociedade. Desde a Antiguidade, quando os deficientes eram renegados pela sociedade e entregue às feras para serem devorados, passando pelo assistencialismo quando instituições prestavam atendimento ou muitos deficientes recorriam à caridade alheia pedindo esmolas na ruas, até chegar aos mutilados de guerra, quando houve uma mudança na concepção e assistência aos deficientes, com a introdução de atividades esportivas como proposta terapêutica.
Na concepção do artista, as realidades são retratadas de forma gradual com os contextos de não-inclusão da pessoa com deficiência na sociedade configurados na parte inferior da tela, tendo como ícone escadas que impedem a acessibilidade. Os modelos mais inclusivos, representados por rampas de acesso e mobilidade de cadeirantes, por sua vez são dispostos de forma ascendente. O ponto alto do quadro, com dimensões de 1,70 x 1,60 cm, é uma figura central de uma mãe que ergue o filho, simbolizando o desejo de um sociedade realmente justa e igualitária. Esse desejo é retratado na parte superior da pintura, que ali agrega deficientes em relação de inclusão participando, juntamente com outras pessoas, de atividades culturais e recreativas.
A Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Inclusão (NGIME/UFJF), Eliana Lucia Ferreira se mostrou muito satisfeita com o resultado da obra, que faz parte do acervo do NGIME. “O artista teve sensibilidade de perceber como a sociedade, ao longo do tempo, lida com a deficiência, sendo importante que essa obra seja vista pelo maior número de pessoas possível”, ressalta.
Leonardo Paiva é artista plástico formado pela UFJF, sendo reconhecido na cidade como referência na arte do mosaico. Suas ilustrações sobre acessibilidade e deficiência compõem inúmeros trabalhos do NGIME como o calendário da Caefi, manuais de convivência com pessoas com deficiência e desenhos sobre essa temática para a plataforma virtual de ensino a distância.