Representantes da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, do Conade, do Ministério do Trabalho, Ministério da Cultura, além de outros representantes da esfera pública e privada, estiveram presentes no 2º Encontro Nacional de Audiodescrição, que aconteceu nos dias 13, 14 e 15 deste mês, na Universidade Federal de Juiz de Fora. O evento além de reunir os principais nomes nacionais envolvidos com políticas de inclusão, contou com a participação de cerca de 200 pessoas no prédio Itamar Franco, na Faculdade de Engenharia, no campus.
O evento, realizado em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, visa alavancar os trabalhos na área, como uma atividade que possibilita maiores de acesso à cultura e à informação, contribuindo para a inclusão cultural, social e escolar. O evento será crucial para tornar visível as necessidades e ampliar as discussões acerca da acessibilidade não só dentro da Universidade, mas na sociedade como um todo.
Representando os audiodescritores, a professora Lívia Maria Villela de Mello Motta ressaltou que o assunto tem sido pauta de discussão nas mais diversas áreas, e que a realização de um evento deste porte dentro de uma universidade irá gerar bons frutos. “O evento apontou algumas diretrizes para que possamos definir os próximos passos da audiodescrição, e impulsionou o debate sobre políticas públicas inclusivas”.
O representante da Secretaria de Direitos Humanos, Sérgio Paulo Nascimento, ressaltou que 2012 foi um ano de intensa participação, com cerca de 60 mil participantes em eventos que tratavam o tema da acessibilidade. “Nós tivemos um ano com diversas formas de diálogo, desde conferências a troca de comunicações. E 2013 será um ano-chave, pois teremos um aumento no número de horas da audiodescrição na televisão, preparação para os mega eventos esportivos, e isso faz com que estejamos em um bom momento para discussão”, frisou.
O representante do Ministério das Comunicações, Fábio Henrique, lembrou ainda que além de um momento de debate, este também é um período de grandes investimentos na audiodescrição. “Temos que ampliar os recursos acessíveis na televisão brasileira. Isso está previsto na constituição, sendo um direito inquestionável”, acrescentou.
A audiodescrição
A audiodescrição permite o recebimento das informações contidas na imagem, possibilitando que a pessoa desfrute integralmente da obra. O recurso consiste na descrição clara e objetiva de todas as informações que compreendemos visualmente e que não estão contidas nos diálogos, como, por exemplo, expressões faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela.
Essa descrição objetiva dos elementos visuais – ações, cenários, figurinos, gestos, expressões faciais, efeitos especiais e textos apresentados de forma gráfica – permite a inclusão de pessoas com deficiência visual como consumidores de produtos audiovisuais.
Acessibilidade
Entre os temas discutidos no evento estão A Implementação da Audiodescrição nos Diversos Segmentos, Profissionalização do Audiodescritor e o Mercado de Trabalho, além de oficinas sobre a audiodescrição no cinema, no teatro e na TV. O evento também tem como objetivo oferecer um panorama sobre as atuais políticas públicas incentivando a ampliação do uso da audiodescrição nos diversos ramos da comunicação.
O evento vai ao encontro dos objetivos da Coordenação de Acessibilidade Educacional, Física e Informacional (Caefi) de melhorar as condições de acesso e permanência das pessoas com deficiência na UFJF; assessorar os cursos de graduação e pós-graduação, bem como outros setores da Universidade, a fim de atender às atuais demandas legais; apoiar projetos que produzam conhecimentos e alternativas que promovam a melhoria das condições de ensino e aprendizagem na área; e apoiar a implementação de projetos envolvendo acessibilidade. Da mesma forma, o Grupo de Pesquisa em Inclusão, Movimento e Ensino a Distância tem como um de seus maiores motes a pesquisa em questões inclusivas, e este encontro será um momento ideal para que tais discussões tomem impulso dentro das universidades.
De acordo com a Coordenadora da Caefi, Eliana Ferreira, a presença de autoridades, pesquisadores e formadores de opinião, foi uma oportunidade para conhecer e trabalhar as questões que envolvem as políticas públicas, abrindo espaço para inovações tecnológicas e educacionais.
Além das discussões ao final do primeiro dia de evento foi apresentado o filme “Colegas”, premiado no Festival de Gramado, e produzido por Marçal de Souza. O filme conta a história de três jovens com Síndrome de Down que adoram cinema e decidem fugir do instituto onde moravam para se aventurarem na estrada, depois de assistir “Thelma e Louise”. Cada um tem o um sonho a realizar – casar, voar, ver o mar. “A intenção é mostrar a vida comum, e que os telespectadores esqueçam que os personagens têm Down”, afirma Souza. O filme foi disponibilizado em audiodescrição.