Encantamento e emoção, foi o sentimento passado aos presentes na 13º edição do Campeonato Brasileiro de Dança Esportiva em Cadeiras de Rodas, realizado na última sexta-feira (05) pela Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas (CBDCR) em parceria com o NGIME/UFJF, na cidade de Governador Valadares-MG.
Cinco delegações se apresentaram na competição. Representando Minas Gerais, a Araxá Dance Company – Dança Comunidade da cidade de Araxá; representando São Paulo, o Studio Las Cia. de Dança, da cidade de Santos; também por São Paulo, capital, a Associação Solidariedança de Arte e Cultura; por Sergipe, a Cia de Dança Loucurarte, da cidade de Aracajú e por fim, representando Pernambuco, a Cia de Dança Cadências vindo da capital Recife. No total 14 duplas compostas por um andante e um cadeirante, ou por dois cadeirantes, disputaram em várias categorias, com ritmos que foram do Samba, passando pela Rumba até o Jive.
Além de promover e incentivar a prática da dança por cadeirantes, os primeiros colocados da competição se legitimaram a representar o Brasil no campeonato mundial da categoria, (veja aqui todos os ganhadores) despertando ainda a discussão sobre o tema inclusão. Segundo a profª Drª Eliana Ferreira, representante do NGIME/UFJF, fundadora da CBDCR e árbitra da competição, a realização da competição “provoca a sociedade como um todo a perceber o quanto a inclusão é possível quando se dá oportunidade de igualdade a todos”. Ela ainda destaca que é visível a evolução de cada atleta ao longo dos anos. “Nós podemos ver não só a competição crescer, mas também as transformações e o cresciemto de cada atleta no decorrer destes anos todos”.
Os competidores
De carro ou avião, alguns gastaram horas, outros mais de um dia de viagem para chegar em Governador Valadares, mas a força de vontade era maior que qualquer obstáculo, aliás, esta palavra não existe para estes competidores. A cadeira de rodas é um mero detalhe ou um simples equipamento esportivo.
De Recife-PE, a cadeirante Joseilda Souza, da Cia de Dança Cadências, trabalha na prefeitura da capital pernambucana, dança há 1 ano e 5 meses e se prepara para as competições com ensaios três vezes por semana. Sobre a prática da dança em cadeiras de rodas, ela nos conta que a dança é um instrumento motivador em sua vida. “A dança me liberta e me realiza, me levando pra outro mundo”. Joseilda ainda fala de suas expectativas para estar presente no campeonato mundial. “Minha expectativa é estudar mais, me dedicando mais à dança e assim chegar lá um dia”.
Diferente de Joseilda, que já pratica dança há mais de 1 ano, o competidor andante Eduardo Freitas, de Aracajú-SE é formado em Artes Cênicas e dança balé clássico. Componente da Cia de Dança Locurarte, ele jamais havia sido parceiro de uma cadeirante na pista de dança. Ele nos contou que por motivos particulares, o par de uma das competidoras não pode vir e de última hora, faltando duas semanas para o evento, ele foi convidado a participar. Eduardo se diz feliz em poder acompanhar sua nova parceira e se diz realizado em vê-la feliz. “Independente do resultado, me sinto feliz em dançar com ela e espero fazê-la feliz”.
Os árbitros
Devidamente posicionados nos quatro cantos da pista de competição, os árbitros oficiais, Profª Regina Cunha, Profª Dra. Eliana Ferreira e o Prof. Ms. Alessandro de Freitas, acompanhados pela “árbitra cega” (em treinamento) Profª Esp. Luciene Rodrigues, observaram atentamente, tanto as coreografias, quanto os passos básicos, originalidade, entre outros quesitos classificatórios durante as apresentações. Para a profª de balé clássico e árbitra-chefe da CBDCR, Regina Cunha, o nível das apresentações foram excelentes, com destaque para um crescimento técnico das duplas. “Vejo cada vez mais os grupos se desempenhando nos figurinos e coreografias, com isso, eu acredito que esta evolução é fruto do esforço de todos, tanto dos competidores, quanto da Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas”.
Ainda sobre a relevância do evento, a “árbitra cega” (árbitro em treinamento), Profª Esp. Luciene Rodrigues, lembra que “a dança esportiva, principalmente quando em competições, é importante quando o espírito olímpico habita o coração destes atletas e é um espetáculo para refletirmos sobre o fato de que a dança esportiva em cadeiras de rodas pode ser acima de tudo um exercício pleno de cidadania”.
O público
Cerca de 100 pessoas acompanharam as apresentações no ginásio poliesportivo do Clube Filadélfia. A noite de sexta-feira foi diferente para a família de Terezinha de Jesus, ao invés de curtir as opções rotineiras do clube, decidiram ficar no ginásio assistindo o campeonato e no fim se disse maravilhada com as apresentações. “Fiquei encantada com as apresentações. Durante todo o tempo me emocionei e vi que somos muito egoístas com nós mesmos, com nossos problemas, pois para eles não há problema algum em ser deficiente. Tenho um amigo cadeirante e quero apresentar para ele o projeto da dança em cadeira de rodas”, destacou Terezinha.
CBDCR tem nova presidente
Em outubro último, a então presidente da CBDCR Profª Eliana Ferreira foi convidada para assumir o cargo de Coordenadora-Geral da Política Pedagógica da Educação Especial na SECADI/MEC em Brasília. Sendo assim, devido ao acúmulo de trabalho e responsabilidades foi passado o cargo de presidente para a então vice-presidente, Profª Luciene Rodrigues que participou da 13º edição do campeonato em Governador valadares como “árbitra cega”. Conheça aqui a nova presidente da CBDCR.
Acesse aqui o Facebook do NGIME e veja todas as fotos da cobertura da competição.
Para saber mais sobre a CBDCR acesse www.cbdcr.org.br